A VERDADE (QUE MAL HÁ NISSO?)

Sabe de uma coisa?

 

Hoje, eu vi, declamando na multidão,

Um porta-voz de uma grande liquidação

De tudo que cerca a vida nesta época

Em que mais se reza e mais se peca.

Ao olhar para cima sem ver o céu

A se buscar nas tendas a sobra de mel

Pois só se crê no imprevisto,

E se espera por um elfo chamado Noel

Enquanto se olvida de um distante Cristo.

 

E comecei a pensar: o que há de mal?

A ideia é tentar desviar a atenção

Dos sem talentos, esquecidos pela sorte

Quem sabe trazendo a triste ilusão

De que um gordo mito, criado no Norte

Possa socorrê-los com mágica abissal,

Toldando mentes com bugigangas e brinquedos

Estimulando comércio, sem muitos segredos,

Mascarando a tristeza com simples folguedos.

 

Então, repeti: que mal pode haver, afinal?

Ainda que o Aniversariante, em pleno Natal,

Remanesça esquecido… nas igrejas limitado

A simples presépios, sempre postos ao lado.

Não importa a idade, não importa a razão,

O vermelho da roupa, as botas, o trenó

Esperto e sabido o velhinho dá um nó

E o povo se farta em total abstração

Da farsa que, no mínimo, lhes toca o coração.

 

Afinal, o que há de mal?

 

 

Joffre Sandin

Princeton, 12/fevereiro/2018

 

 

 

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