Como saber o que é a vida, sem viver?
E viver muito. Arriscar, perder e vencer,
Fingir, chorar, invejar, amar e sofrer
E, mesmo assim, avançar e não receber.
De início, tudo é difícil, mas arrebatador
O sexo é intenso e necessário ao amor,
Mesmo no sofrimento, sofre-se com ardor
Paixão, desejo, volúpia gerando calor.
E segue a vida… amar exige u’a mão,
Aquela sempre buscada para a união.
Paixão e sexo parecem toldar a razão
E se afiguram imprescindíveis à relação.
Mas, quanto mais o tempo passa,
Nota-se que o amor não está só no sexo,
Que, na verdade, nada tem de complexo,
Pois afeição e estima a ele trazem graça.
Até as desavenças tendem a purificá-lo,
Como se fora a pedra bruta a lapidar,
Ou ao sentido um constante aperfeiçoar.
A vida em comum o modo de sublimá-lo.
Os seres num constante envelhecer
Tornam-se mais prudentes, é verdade,
E sentem que o sexo é bônus da amizade,
Um doce a se apreciar no entardecer.
Mas, como saber tudo isso sem viver?
Joffre Sandin
29/05/2019