COMO SABER?

Como saber o que é a vida, sem viver?
E viver muito. Arriscar, perder e vencer,
Fingir, chorar, invejar, amar e sofrer
E, mesmo assim, avançar e não receber.

De início, tudo é difícil, mas arrebatador
O sexo é intenso e necessário ao amor,
Mesmo no sofrimento, sofre-se com ardor
Paixão, desejo, volúpia gerando calor.

E segue a vida… amar exige u’a mão,
Aquela sempre buscada para a união.
Paixão e sexo parecem toldar a razão
E se afiguram imprescindíveis à relação.

Mas, quanto mais o tempo passa,
Nota-se que o amor não está só no sexo,
Que, na verdade, nada tem de complexo,
Pois afeição e estima a ele trazem graça.

Até as desavenças tendem a purificá-lo,
Como se fora a pedra bruta a lapidar,
Ou ao sentido um constante aperfeiçoar.
A vida em comum o modo de sublimá-lo.

Os seres num constante envelhecer
Tornam-se mais prudentes, é verdade,
E sentem que o sexo é bônus da amizade,
Um doce a se apreciar no entardecer.

Mas, como saber tudo isso sem viver?

Joffre Sandin
29/05/2019

BRISA AZUL

BRISA AZUL

 

Quanto azul tão bonito

Do turqueza ao anil

E é um mar infinito

Que não se conta em mil.

É bom olhar da janela,

Nós dois: eu e ela

 

Depois deitar nas cadeiras

Falando sério… besteiras

Ouvindo línguas estranhas

Que se entende nas manhas

Enquanto tudo se agita…

É gente que fala e grita

 

Uma é bonita, outra feia.

E aí se olha outra vez

Porque olho bom não tem peia

Seja no corpo ou na tez

E de novo se torna a olhar

É tanta mulher, tanto mar.

 

Não há que negar nem um pouco,

Mesmo porque não sou louco,

Que dentre todas “las niñas”

Cujas lembranças são minhas

A mais bela é brasileira

E está ao meu lado… Faceira!

 

E agora eu quero uma esteira…

 

Joffre Sandin

05/05/2013

(Em Cancum-México)

 

 

 

 

RASCUNHO

 

Quanto azul tão bonito

Do turquesa ao anil

E é um marzão infinito

Que chega inté no Brasil.

 

É bão oiá da janela,

Nós dois: eu e ela

Depois deitá nas cadeira

Falando sério…besteira

 

Ouvindo umas lingua estranha

Que nóis só entende na manha

Parece inté brincadeira

Pruma cambada mineira…

 

É gente que fala e que grita

E que nóis, das vez, inté imita

Mas nóis qué pinga na guela

E eles infia tequila nela…

 

E vai passando as menina

Umas bonita outras feia

Cum oio só, nóis inxamina

Porque oio bão num tem peia

 

E torna a oiá de novo,

É tanta muié, tanto povo

Mais a certeza vem ligeira:

As mais bonita é as brasileira…

 

E aqui do meu lado…A mais faceira!

 

Joffre Sandin

05/05/2013

(Na piscina, em Cancum)

BOLERO

BOLERO

A melodia do amor e da dor
Que nasce do amar com amor
Que não se importa de dar,
Sem contrapartida buscar

Ainda que o coração malvado
Sem dó, já não esteja ao seu lado,
Na súplica do momento fortuito
Insano implorar:- beija-me, beija-me muito…

Mesmo que somente uma vez
Angústia que traz a desídia
Daqueles olhos verdes a mirar

Quiçá, quiçá para então revelar,
Tendo na mão a Cuba-Libre da perfídia,
Que, se preciso fosse, começaria tudo outra vez…

Joffre Sandin
Princeton, 9 de junho de 2019
(Logo após ouvir uma linda interpretação de “Historia de Um Amor”, pela banda ^French Latino”, animei-me a fazer este soneto, no qual, possivelmente, só os meus amigos de sessenta anos para cima, irão identificar alguns versos vertidos para o Português, que ousei extrair de alguns boleros antigos, além dos que, para finalizar, tomei por empréstimo do saudoso e fantástico poeta, Gonzaguinha.)

VITORIOSA

Nada foi fácil, nem mesmo o começo.

Levanta e avança a cada tropeço,

Sofrer não a intimida,

Só vale a esperança,

O futuro, a vida …

O resto é lembrança.

Não há obstáculo, nem dor

Ou revés que a vença,

É forte, é viva, é linda, é cor,

É luz, é amor, é paz e é crença.

Prossegue com garra, é pura labuta,

Não verga, não cai, não foge da luta.

A tudo resiste

E a todos alenta,

Nunca desiste,

Mamão com pimenta.

Exemplo de fibra,

Encantadora e poderosa,

Com tudo ela vibra,

Éla é a vitoriosa!

 

Joffre Sandin

UMA LINDA MULHER

Vem  comigo linda mulher

Sou o berço a acolher teu coração

Por favor, imploro-te, não digas não

Nem, muito menos, fales que não quer.

 

Só o teu cheiro marca meu destino

És como loba a despertar o meu instinto

Como posso te mostrar tudo o que sinto

Quando teu cio me provoca desatino

 

Pergunto-te, então, mulher tão linda,

O que fazes sendo única entre todas

Se não me olhas, outras luzes são incômodas,

Mesmo assim, aos teus pés me ponho, ainda.

 

E eu insisto e volto a insistir

Não desisto e nem quero desistir.

Sentir tua pele é o que mais meu corpo quer,

Sou teu capacho. Pisa-me descalça…

 

Linda mulher!

Joffre Sandin

26 de julho de 2019 (Dia dos Avós)

(Enquanto almoçávamos num restaurante)

 

UM SONHO

Num instante, flutuávamos

Em meio a uma suave neblina

Juntos, nós dois navegávamos

Eu, guiado por seu olhar de menina

 

Tu, cobrias-me com tua fragrância,

Enquanto pairávamos no firmamento

Teu olor, bálsamo a amainar minha ânsia

De te abraçar a cada momento

 

E, pelo etéreo azul flanávamos,

Mãos dadas e corações atados

Éramos almas enquanto humanos.

Sempre soubemos que nos amávamos

 

Eternamente por afeição entrelaçados

E continuávamos a no céu flutuar

Parecia-me que estava a sonhar.

Mas, de repente, o brusco despertar…

 

Estava eu dormindo, suponho.

Olho pro lado e ali ressonavas

Mão em minha mão, também sonhavas.

Tu, minha diva, és o sonho do meu sonho!

 

Joffre Sandin
08/08/2019

 

TUÉS LINDA

Tu estás tão linda

E que prazer é te amar, ainda,

A mesma e linda menina,

Que faz com que a adrenalina

Preencha minhas veias de desejo

A cada momento que te vejo

Tão perto de mim, querida,

A encantar tudo o que vivo,

 

Nesta vida.

 

Bela que tu já eras

O tempo ornou-te, deveras,

Co´as cores que tantas primaveras

Acresceram a teus olhos brilhantes

Somando-as a todos os diamantes

Que enfeitam tu´alma, querida,

E nos mantém caminhando felizes

 

Nesta já longa vida!

 

Joffre Sandin

Barraco no Morro, 28 de dezembro de 2020

TRINTA E CINCO

TRINTA E CINCO

 

Trinta e cinco…

Tudo foi ontem,

Mas já é hoje, quase amanhã…

Olho pro lado,

Lá está ela

E que bonita!

Ainda me ama,

Como eu a amo.

Nós conseguimos

E, todavia, lutamos,

Filhos fizemos,

Neto ganhamos

E mais esperamos…

São trinta e cinco,

Parece tão menos,

Somos felizes,

A vida fizemos

E sempre faremos…

 

Joffre

05/04/2007

 

Enquanto conversávamos, tracei estas linhas, meu amor!

 

E como te amo!

TITANIC

No Titanic fui buscar

Uma nova pedra que não se imita

Com um séquito de brilhantes

E uma cor de luz infinita

Não se vê em muitos instantes

Nasce na África, agora e antes

Por isso o nome Tanzanita.

Para que você, amor, possa usar

E com sua luz ela enfeitar.

 

Joffre Sandin

04/05 de abril de 2019.

(Um eterno apaixonado)

SENSAÇÃO

– os olhos vêem…

 

todos os sentidos, de algum modo,

o que é visto percebem

a princípio em partes, depois o todo

e pouco a pouco sucumbem

à visão que tem cheiro e fala

e um doce perfume exala

 

– será miragem?

 

não… porquê calor emite

e tem sabor que dá apetite

e se consegue e se pode tocar

e o peito começa a trotar

com um profundo e latejante pulsar

que dispara um excitado coração:

 

–  é a inesperada fascinação…

 

causada pelo incrível e intenso calor

de estar perto de algo que flama

fantástica impressão de que o peito se inflama

e a mente se embriaga de um suave torpor.

não é mais possível negar

e se começa a conjugar o que é amor…

 

– a mais inexplicável sensação!

 

 

 

Joffre Sandin

Do Meu Cativeiro para o Barraco no Morro, 5 de abril de 2021

(quarenta e nove anos de aventuras e sensações descontrolados)