SEM JUÍZO

SEM JUIZO

 

Foi de perder o juízo

Com meu peito chiando feito guiso

Enquanto meu olhar estava fixo

Como Cristo no crucifixo

Naquelas pernas tão belas

Roliças, esbeltas, maravilhosas

Pra lá de lindas, gostosas…

E que pernas eram aquelas,

A quem pertenciam elas?

A uma deusa menina,

Que já não era pequenina,

Mas tentação em pessoa

E por isso não foi à toa

Que mesmo antes de arrancar o siso

Por ela perdi o juízo…

 

Joffre Sandin

RENASCER

RENASCER

 

De onde vem o impulso

A dar início ao caminho,

Nada a indicar o norte,

Inda assim o primeiro passo,

E a seguir o primeiro tropeço,

Levantar e prosseguir, sempre…

Logo, logo percebo,

A vida é esta, devo vivê-la…

 

Marcar o mundo com meu pulso,

Atuando duro, sem medo do espinho,

Remando em busca da sorte

Caminhando a ocupar espaço,

Um constante regresso ao começo

Sem descanso, avançar, sempre…

 

Luta não falta, cálice de onde bebo,

Única via é a fé, para vencê-la…

Como da vida não ser expulso,

Até vencer num mundo mesquinho,

 

E chegar ao topo com passo forte,

Num constante tecer, laço a laço,

Zerando o temor de mais um tropeço?

Ora já sei: hei de amar, sempre…

 

Com o amor seguindo, entes concebo,

Ah, como é bom  junto a mim tê-la

Tiro vida da vida, não sou mais avulso,

Hora por hora, devagarinho,

E tendo por esteio fiel suporte,

Renasço das pedras que sempre ultrapasso

Incorporado nas flores que ora mereço,

Nos risos que me cercam, sempre…

E assim é andar por um planeta convulso.

 

Imortal…

Em cada um renasci e nos futuros renascerei, sempre…

 

 

Joffre Sandin

25/12/2015

(Renascendo nos filhos e netos)

 

 

QUASE OURO

Quase chegando ao ouro,

São quarenta e oito anos

Juntos fizemos muitos planos.

Deles, quase todos alcançamos,

De mãos dadas, sempre lutamos

E conquistamos nosso tesouro:

A família que construímos

E que em filhos e netos vimos.

 

Da fé jamais desistindo

Fazendo de nosso amor,

Com a benção de Nosso Senhor,

A luz para o nosso caminho.

Tropeços, muitos tivemos;

Apoio, quase nunca encontramos.

Mas, unidos, as pedras vencemos

A nos mostrar o quanto nós nos amamos!

 

Joffre Sandin

Madrugada de 5 de abril de 2020

QUARENTA E NOVE

QUARENTA E NOVE

 

 

São quase cinquenta

Os anos de delírio

De devaneio, de colírio

Só por vê-la ao meu lado.

E não importa se esquenta

Se a língua ferina corta

Nem se a razão jamais pertença

A mim que tenho a crença

De que vale mesmo a sua presença,

Ainda que seja com a braveza,

Que exaspera a sua beleza,

Mas que me deixa a certeza

A cada dia que se renove

Do acerto da minha escolha

Que o tempo já encheu de anos

E agora são quarenta e nove.

 

Joffre Sandin

05/03/2015

(

PERDÃO PRINCESA

Estou só.

Meu coração chora

E espera tua volta,

Traduzindo em lágrimas

Meu rancor, minha revolta,

Por ter a vida,

Brincalhona e atrevida,

Mesmo que por tempo passageiro,

Separado sem qualquer delicadeza,

Do meu calor minha princesa.

 

Sinto saudade, é uma loucura, é u’a maldade,

Que sem qualquer compaixão ou ternura,

Rasga meu peito e minh’alma invade.

Pergunto-me, então, se por saudade tenho direito,

De chorar sem esperar guarida,

De revoltar-me sem qualquer respeito?

Embora saiba que mesmo longe,

Teu pensamento, teu coração,

Carregados de amor e esperança,

Perseguem juntos em oração

Minha imagem, minha lembrança.

 

Então,

Prostrado pelos momentos de fraqueza,

Eleva a voz meu coração saudoso

E grita triste por ter sido rancoroso:

– Perdão, perdão Minha princesa!

 

Joffre Sandin

10/02/1969

 

ORQUÍDEAS

Que lindas as orquídeas são

Uma a uma as recebeste

A tua beleza a elas deste

Raras cores em longas hastes

Encantadas com tua emoção…

Nelas deitei minha paixão

Tanto amor a te oferecer

Amor que só cresce com teu viver.

 

Agora tardio o meu próprio ser

Nas brancas flores o meu reflexo

Ora te mostram que ainda há nexo

Só por te amar até morrer.

 

Joffre Sandin

04/05 de abril de 2012.

MINHA NAMORADA

Hoje, acordei tentando lembrar
Em que canteiro fui buscar
A flor que decora meu existir
E quanto amor me faz sentir

Tantos anos de carinho
Criamos juntos nosso ninho
Longa vida já vivemos
E, ainda, muito nos queremos

Nada importa de onde viemos
Mas, o que juntos fizemos,
Dia e noite, noite e dia

Afastando-nos da nostalgia
Desta vida complicada…
Ela é minha namorada!

Joffre Sandin
Princeton, 12 de junho de 2019

FLORENÇA

FLORENÇA

 

 

Florença…

E de nada valeria

Se aqui chegasse um dia

Sem a tua alegria,

Sem a tua presença.

 

Florença…

 

Feita de amor e romance

Pelo lado que se avance

Impossível, porém, qualquer lance

Sem a tua presença.

 

Florença…

 

Terra do romantismo,

Da poesia e do lirismo,

A se mudar, entanto, em abismo

Se não fosse a tua presença.

 

Florença…

 

Sheakespeare Julieta criou

E em Verona a Romeu a entregou,

Enquanto a mim, Deus próprio doou

Teu calor, teu amor, tua presença.

 

Joffre Sandin

09/11/2011

OUTONO

OUTONO

 

Estação bordada de muitas cores

Muitas folhas, mas sem flores.

Ainda assim, quando flui pelo Norte,

Quem a vivencia sente a sorte

 

De presenciar o poder da Natureza,

Que confere a mais pura beleza

Às árvores de toda a floresta,

Como se as vestisse para uma linda festa.

 

Em silêncio elas mudam de roupa,

Vestem-se de amarelo, laranja, vermelho,

Enquanto é pouco o tempo que resta.

Cinderelas… Se quedam desnudas

 

E não sobram sequer suas mudas,

Nem os rios mais lhe servem de espelho

Galhos secos, verdade mais crua,

São o que sobra. E machucam a lua.

 

Enzo e Vovô Joffre.

Princeton, 2 de novembro de 2017.

 

Esta poesia foi inspirada em frases poéticas criadas pelo meu neto, ENZO, enquanto falava com a sua incrível e adorável Vovó Liliana.

 

São elas:

 

“As árvores mudam de roupa para esperar o ‘Halloween’” (referindo-se à substituição das folhas verdes pelas coloridas, durante o Outono no Hemisfério Norte).

 

“Os galhos das árvores (secos) estão machucando a Lua (observando a própria Lua entre os galhos das árvores, que já haviam perdido suas folhas).

FALL

FALL

 

The colors prettify the Season

Many leaves, but no flowers,

Who knows the Nature reason,

When it gives that sort of empowers,

 

Perhaps a renewed coming fashion

Allowing the forest a clothes changing

Waiting Halloween with real passion

While their leaves get falling.

 

Trees painted from gold to red

And the wood becomes full of tones.

However, the wind put down on the stones

Each leaf it faces in the path ahead.

 

Then a big change happens at last

Leafless branches appear in the night

As ancient fingers coming from the past

Hurt the Moon, but do not stop the moonlight.

 

Enzo and Vovô Joffre.

 

 

This poem was inspired by little poetic verses created by my grandson, ENZO, when he was talking to his lovely and amazing Grand Mother Liliana.

 

They are:

 

“The trees change the clothes waiting for Halloween”.

 

“The leafless branches are hurting the Moon”.