SENSAÇÃO

– os olhos vêem…

 

todos os sentidos, de algum modo,

o que é visto percebem

a princípio em partes, depois o todo

e pouco a pouco sucumbem

à visão que tem cheiro e fala

e um doce perfume exala

 

– será miragem?

 

não… porquê calor emite

e tem sabor que dá apetite

e se consegue e se pode tocar

e o peito começa a trotar

com um profundo e latejante pulsar

que dispara um excitado coração:

 

–  é a inesperada fascinação…

 

causada pelo incrível e intenso calor

de estar perto de algo que flama

fantástica impressão de que o peito se inflama

e a mente se embriaga de um suave torpor.

não é mais possível negar

e se começa a conjugar o que é amor…

 

– a mais inexplicável sensação!

 

 

 

Joffre Sandin

Do Meu Cativeiro para o Barraco no Morro, 5 de abril de 2021

(quarenta e nove anos de aventuras e sensações descontrolados)

 

 

 

SEM JUÍZO

SEM JUIZO

 

Foi de perder o juízo

Com meu peito chiando feito guiso

Enquanto meu olhar estava fixo

Como Cristo no crucifixo

Naquelas pernas tão belas

Roliças, esbeltas, maravilhosas

Pra lá de lindas, gostosas…

E que pernas eram aquelas,

A quem pertenciam elas?

A uma deusa menina,

Que já não era pequenina,

Mas tentação em pessoa

E por isso não foi à toa

Que mesmo antes de arrancar o siso

Por ela perdi o juízo…

 

Joffre Sandin

RENASCER

RENASCER

 

De onde vem o impulso

A dar início ao caminho,

Nada a indicar o norte,

Inda assim o primeiro passo,

E a seguir o primeiro tropeço,

Levantar e prosseguir, sempre…

Logo, logo percebo,

A vida é esta, devo vivê-la…

 

Marcar o mundo com meu pulso,

Atuando duro, sem medo do espinho,

Remando em busca da sorte

Caminhando a ocupar espaço,

Um constante regresso ao começo

Sem descanso, avançar, sempre…

 

Luta não falta, cálice de onde bebo,

Única via é a fé, para vencê-la…

Como da vida não ser expulso,

Até vencer num mundo mesquinho,

 

E chegar ao topo com passo forte,

Num constante tecer, laço a laço,

Zerando o temor de mais um tropeço?

Ora já sei: hei de amar, sempre…

 

Com o amor seguindo, entes concebo,

Ah, como é bom  junto a mim tê-la

Tiro vida da vida, não sou mais avulso,

Hora por hora, devagarinho,

E tendo por esteio fiel suporte,

Renasço das pedras que sempre ultrapasso

Incorporado nas flores que ora mereço,

Nos risos que me cercam, sempre…

E assim é andar por um planeta convulso.

 

Imortal…

Em cada um renasci e nos futuros renascerei, sempre…

 

 

Joffre Sandin

25/12/2015

(Renascendo nos filhos e netos)

 

 

QUASE OURO

Quase chegando ao ouro,

São quarenta e oito anos

Juntos fizemos muitos planos.

Deles, quase todos alcançamos,

De mãos dadas, sempre lutamos

E conquistamos nosso tesouro:

A família que construímos

E que em filhos e netos vimos.

 

Da fé jamais desistindo

Fazendo de nosso amor,

Com a benção de Nosso Senhor,

A luz para o nosso caminho.

Tropeços, muitos tivemos;

Apoio, quase nunca encontramos.

Mas, unidos, as pedras vencemos

A nos mostrar o quanto nós nos amamos!

 

Joffre Sandin

Madrugada de 5 de abril de 2020

QUARENTA E NOVE

QUARENTA E NOVE

 

 

São quase cinquenta

Os anos de delírio

De devaneio, de colírio

Só por vê-la ao meu lado.

E não importa se esquenta

Se a língua ferina corta

Nem se a razão jamais pertença

A mim que tenho a crença

De que vale mesmo a sua presença,

Ainda que seja com a braveza,

Que exaspera a sua beleza,

Mas que me deixa a certeza

A cada dia que se renove

Do acerto da minha escolha

Que o tempo já encheu de anos

E agora são quarenta e nove.

 

Joffre Sandin

05/03/2015

(

QUANDO EU ME FOR

Quando eu me for, quero uma festa

Muita alegria e brincadeira

E harmonia a vida inteira

De todos os que ficaram

E que me amam ou me amaram.

 

Quando eu me for, alma flanando

Ainda comigo irei levando

Dos que encheram meu coração

Muito carinho e muito amor

Para uma nova dimensão…

 

Quando eu me for, quero a certeza

De ser lembrado pelos filhos, pelos netos,

Pela alma gêmea que minha vida embeleza,

Donos que são de todos os meus afetos.

E por amigos, que por só o serem, aliviaram-me a tristeza…

 

Aos que fiz bem, querendo ou não

E aos que não fiz, sem saber a razão,

Aos que ensinei, protegi, conduzi

Aos que tentei ensinar e não consegui,

Peço o carinho de uma oração.

 

Sou iluminado pelos amores que tenho,

De minha parceira, princípio da vida,

Pedaços do meu ser, como da árvore é o lenho,

Elos de minh´alma, por Deus ungida,

Seres queridos, só alegram meu cenho.

 

Quando eu me for, serei a estrelinha…

Aquela mesma ao lado da Lua,

Igual às que vimos com nossas crianças,

Pela janela ou brincando na rua,

A abençoar sempre as suas lembranças.

 

Quando eu me for… Ah, quando eu me for…

 

Joffre Sandin

28/02/2018

 

 

 

PRA QUE

PRA QUE?

Não domino minhas reações,
Não importam as razões,
Sejam genuínas ou não,
Lanço dardos ao amado coração.

Sou ríspido, não me contenho
E tantas vezes motivo não tenho
Nem justificativa ou desculpa
Ainda assim, machuco sem culpa.

Ignoro o que tenho atrás da testa,
Pois, ela me oferece uma linda festa
E eu respondo com malcriação

De quem não olha e nem vê,
Que quem ama com devoção,
Maltratar e ofender: pra quê?

Desculpe!
Joffre Sandin

PERDÃO PRINCESA

Estou só.

Meu coração chora

E espera tua volta,

Traduzindo em lágrimas

Meu rancor, minha revolta,

Por ter a vida,

Brincalhona e atrevida,

Mesmo que por tempo passageiro,

Separado sem qualquer delicadeza,

Do meu calor minha princesa.

 

Sinto saudade, é uma loucura, é u’a maldade,

Que sem qualquer compaixão ou ternura,

Rasga meu peito e minh’alma invade.

Pergunto-me, então, se por saudade tenho direito,

De chorar sem esperar guarida,

De revoltar-me sem qualquer respeito?

Embora saiba que mesmo longe,

Teu pensamento, teu coração,

Carregados de amor e esperança,

Perseguem juntos em oração

Minha imagem, minha lembrança.

 

Então,

Prostrado pelos momentos de fraqueza,

Eleva a voz meu coração saudoso

E grita triste por ter sido rancoroso:

– Perdão, perdão Minha princesa!

 

Joffre Sandin

10/02/1969

 

ORQUÍDEAS

Que lindas as orquídeas são

Uma a uma as recebeste

A tua beleza a elas deste

Raras cores em longas hastes

Encantadas com tua emoção…

Nelas deitei minha paixão

Tanto amor a te oferecer

Amor que só cresce com teu viver.

 

Agora tardio o meu próprio ser

Nas brancas flores o meu reflexo

Ora te mostram que ainda há nexo

Só por te amar até morrer.

 

Joffre Sandin

04/05 de abril de 2012.

NOME COMPLETO (LUCA)

Lá longe, começa o começo da vida,

Usando, inda tímido, ferramentas da lida,

Caçava espaço, já que espaço não tinha,

Amava a todas, enquanto buscava a minha.

 

Sabia pouco, sem saber que era nada,

Andava muito… começo da estrada,

Nos sonhos, sonhava qual homem valente,

Dando alento e afago à esperança latente,

Indo além do possível, o impossível buscando,

Nada era barreira… e seguia lutando.

 

Rasantes as noites, tão longos os dias,

Oblíquos caminhos nas mais retas vias,

Contava, no entanto, com alma parceira,

Horas, dias e tempos, de minh’alma lindeira,

Amor e calor, muita garra e sabença.

 

Passam os anos, amadurecem os frutos,

Indo ao futuro, multiplicando minutos,

Na mente trazendo a mais bela crença,

Travada na imagem de uma criança,

O amor que se vê, que se quer e que avança…

 

 

Joffre Sandin

04/09/07